terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Opereta versus Musical
Eu teimo em colocar observações sobre a tênue demarcação que existe entre ópera e opereta, opereta e musical, para que fique bem firme, não só para mim diante das indagações, mas também para os outros que possam ter dúvidas a respeito. O fato é que opereta foi um tempo, um tempo da história dedicada a ela e a ópera sobrevive, em termos clássicos, porque seus principais compositores foram de uma era clássica. Hoje as óperas modernas são caracterizadas como musicais, guardando as devidas proporções para os musicais de revista que se distanciam um pouco.
Minha proposta, então, é discorrer mais um pouco sobre as operetas que foram as raízes dos musicais.
Opereta é um espetáculo musical de estrutura semelhante à da ópera, cuja trama sentimental e romântica - e por vezes cômica - se desenvolve com música ligeira, e sobretudo de dança. As operetas de Offenbach, Messager e outros na França, bem como de Johann Strauss Fº, Lehár e seus seguidores em Viena, levaram, com o passar do tempo, à comédia musical e ao MUSICAL, à medida que compositores da Europa Central se dirigiram para o Novo Mundo.
Outro traço característico do gênero é o diálogo falado, como na "Opéra comique" francesa e no "Singspiel alemão", seus aliados precursores. Originou-se também de gêneros populares, como a "commedia dell'arte italiana" dos séculos XVI a XVIII e o "vaudeville" francês.
Como precursora da opereta satírica, pode ser citada a "Beggars' Opera" (1728, Ópera dos Mendigos), em que o poeta John Gay e o compositor John Christopher Pepusch parodiaram as grandiloquentes óperas de Häendel e ironizaram a alta sociedade inglesa de seu tempo.
A intenção satírica inspirou também Jacques Offenbach, o maior dos compositores de opereta. "Orphée aux enfers" (1858; Orfeu no inferno) e "La Belle Hélène" (1864; A bela Helena) são paródias bem feitas das graves óperas mitológicas de Gluck. Offenbach é também magnífico em suas obras originais, hoje raramente representadas, que parecem frívolas mas são muito sutis ao inverter a ordem natural dos acontecimentos, como "La Vie parisienne" (1866; Vida parisiense), "La Grande-duchesse de Gérolstein" (1867; A grã-duquesa de Gerolstein) e "La Princesse de Trébizonde" (1870; A princesa de Trebizonda). Offenbach utilizou lendas da mitologia grega para tecer comentários satíricos acerca dos costumes parisienses de seu tempo, em peças que são consideradas as mais brilhantes do gênero opereta.
A opereta francesa à maneira de Offenbach não sobreviveu à catástrofe do segundo império. Houve ainda grandes sucessos, mas poucos merecidos e permanentes. Subsistem, contudo, algumas obras, como" La Fille de madame Angot" (1872; A filha de madame Angot), de Alexandre-Charles Lecocq.
Melhores compositores de operetas surgiram em Viena, mas a opereta vienense é totalmente diferente da francesa, sua contemporânea. O elemento satírico e parodístico está ausente, sendo substituído por humorismo inofensivo e, às vezes, sentimental. Em vez do cancã dominam danças mais recatadas como a polca e, sobretudo, a valsa. Embora nenhum dos compositores vienenses se compare a Offenbach, Johann Strauss Filho, admirado pelo próprio Brahms, merece destaque.
Suas obras românticas e melódicas, como Die Fledermaus (1874; O morcego) e Der Zigeunerbaron (1885; O barão cigano), diluem as diferenças entre a ópera e a opereta e são hoje representadas mesmo em tradicionais casas de espetáculos.
Ao lado de Johann Strauss, obtiveram sucesso Franz von Suppé, autor de "Die schöne Galathee" (1865; A bela Galatea); Karl Millöcker, ao qual se deve "Der Bettelstudent" (1882; O estudante mendigo) e Karl Zeller, com "Der Vogelhändler "(1891; O vendedor de pássaros).
A opereta francesa foi imitada sem sucesso em vários países. Somente no Reino Unido, Arthur Seymour Sullivan e seu libretista William Schwenck Gilbert conseguiram fazer reviver algo do espírito satírico de Offenbach, em operetas como H. M. S. Pinafore (1878) e The Mikado (1885).
Seu grande sucesso não chegou a fundar uma tradição e os britânicos e americanos desenvolveram, em vez disso, um gênero autóctone - o MUSICAL - forma de teatro com música e dança já bastante distanciada da estrutura clássica operística, mas muito semelhante às estruturas atuais.
Os sucessos de Offenbach, Johann Strauss e Sullivan foram largamente superados pelos compositores vienenses do começo do século XX, quando a opereta constituiu na Áustria uma verdadeira indústria de exportação. O nome mais famoso dessa geração é Franz Lehár, cuja
peça "Die Lustige Witwe" (1905; A viúva alegre) bateu recordes de bilheteria no mundo inteiro.
Oscar Straus compôs Walzertraum (1907; Um sonho de valsa), e Leo Fall, Die Dollarprinzessin (1907; A princesa de dólares). Depois da primeira guerra mundial, a opereta foi definitivamente substituída pelo musical, sobretudo nos ESTADOS UNIDOS.
Assim, pretendo encerrar este assunto e falar dos musicais, referindo-me muitas vezes às próprias operetas que lhe deram origem , como por exemplo, A Viúva Alegre (opereta de Lehár) que veio para a Broadway e bateu recorde de bilheteria e apresentação, ganhando até mesmo de Cats.
Levic
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Ganhando de CATS????????? Nossa!!!!!!!! rs
ResponderExcluirEu adorei saber mais sobre as operetas!